Todo mês de dezembro “comemoro” mais um ano de separação. Já se foram 3.
O que eu posso dizer… Bom não é, mas às vezes é a única opção. Ou a única opção para o momento. Para que os dois possam crescer, se autoconhecer e se tornarem seres humanos melhores (ou, pelo menos, para que VOCÊ busque tudo isso).
É sofrido? É. Dói? Muito. É difícil de lidar? Demais.
Difícil de lidar com a solidão, com você mesma perante a vida, com as responsabilidades com a educação do filho, com a jornada tripla que agora é só sua e, claro, com o coração da pequena criança (ou das) que ficou. E, dependendo de como você lida com essa separação, os traumas nos pequenos ficam para sempre.
Difícil de lidar com a desproteção, com o mundão lá fora que te consome e você não tem um colo pra deitar quando volta pra casa.
Difícil também lidar com a solteirice de novo. Confiar em alguém, se entregar sem medo, achar que o outro é suficiente e capaz, não se irritar com cada xaveco furado.
Muito difícil lidar com o corpo que ficou. Mais gordinho e cheio de marcas, que o outro já gostava do jeito que tava. E agora você tem que encontrar alguém que goste tanto quanto (mas você mesma odeia esse corpo. Então, como lidar?).
Tem o lado bom? Claro que tem!
Você consegue passar mais tempo sozinha. A princípio, não sabe muito bem o que fazer. Vai achar que a casa está vazia, que a vida está sem graça e que nada tem sentido se o pequeno não está. Mas, aos poucos, vai perceber o quanto esse tempo pode ser precioso: vai colocar suas séries em dia, almoçar comida quente, encontrar suas amigas pra tomar cerveja. Vai até poder ficar bêbada de novo, se quiser. E dar uns beijos na boca, claro, porque ninguém é de ferro.
E vai entender que o mundo não gira (nem pode girar) em torno do seu rebento. Você pode e deve ser alguém além dele. Só assim ele vai se sentir completamente livre pra ser quem ele é. E só assim você vai estar pronta e tranquila pra quando ele disser: mãe, tô saindo de casa (acha que eu estou exagerando, né?!).
Mais um lado bom: o autoconhecimento. Se a sua busca interior for legítima no período pós-divórcio, você vai descobrir forças que nem sabia que existia. Nesses 3 anos, muita coisa aconteceu comigo, principalmente na área profissional, que me fizeram descobrir e desenvolver habilidades que eu nunca imaginei que pudesse ter.
Na área pessoal, então, é uma introspecção total. E eu só preciso pensar em mim e no meu filho. Não preciso agradar a uma terceira pessoa que nem sempre está na mesma vibe que eu. Ou que nem sempre dá valor para as mesmas coisas que eu, entende? As minhas escolhas são muito mais verdadeiras hoje.
É possível fazer tudo isso que eu contei aí em cima estando casada? Não sei. Não passei por essa experiência. Talvez você, leitor(a) casado(a) possa me contar.
Se eu faço apologia à separação? Claro que não! Eu quero mais é que os casamentos durem pra sempre. Mas que sejam casamentos com amor de verdade. Casamentos saudáveis, com projetos e planos, com todo mundo pensando em um bem comum.
Se o seu casamento está em crise, eu só posso pedir que você tente. Se ainda existe amor e carinho, tente até o final. Eu lutei pelo meu casamento por um ano, até chegar ao meu limite.
Se o seu casamento já acabou, fique bem. O pior vai passar. Vá até o fundo da dor. Chore muito, soque o travesseiro, escreva, grite, ligue pros amigos pra desabafar. Isso vai passar, de verdade.
Se você finge que o seu casamento é uma maravilha, que pena.
Agora, se o seu casamento é bacana mesmo, aproveite! E ligue agora pro(a) respectivo(a) e fala que o ama, por favor. 😉